Monday, 6 October 2008

Jerusalem

Apesar de não estar no topo da minha lista de destinos preferidos (nem sequer estava na lista!), uma conferência levou-me até Israel (Jerusalém). E apesar de ter estado bastante ocupado por lá, encontrei algum tempo para visitar a cidade (e algo mais).

Logo na primeira noite, fui com alguns colegas à cidade antiga. E como era Shabbath, havia grande azáfama em torno do Muro das Lamentações (o único muro que ainda existe do antigo tempo de Herodes - e o local mais sagrado do Judaísmo).
Aliás, o Shabbath é um acontecimento curioso. Não se pode usar instrumentos eléctricos, conduzir carros, etc. A partir de Sexta à tarde, a maior parte dos comboios e autocarros deixam de funcionar! Apenas existem algumas excepções, como o passar por detectores de metal (autorizado pelas autoridades religiosas...), ou apanhar o elevador (mas não chamá-lo ou escolher o andar - o que obriga os hotéis a soluções curiosas).

Não estava à espera que fossem uma cidade e uma cultura com tantas raízes Árabes, mas é realmente uma terra que durante os séculos "andou de mão em mão". Na cidade antiga é por exemplo bem visível a Cúpula da Rocha, e os mercados têm um estilo claramente Muçulmano.




A cidade é perto do deserto, e isso vê-se por exemplo na camada de poeira que cobre a maioria dos carros. É uma cidade muito religiosa, vêm-se imensos religiosos ortodoxos por todo o lado, com os seus casacos e chapéus pretos, e o cabelo encaracolado a condizer, sob o calor enorme que costuma fazer naquela terra...

Um dos dias que lá estive pude ir visitar o Yad Vashem, o museu / autoridade Israelita dedicada ao Holocausto. É extremamente impressionante, e requer um estômago forte para tanta emoção. Apesar de não simpatizar nada com a política externa deste país, muitas vezes (mal) baseada nos factos históricos da causa Judaica, é impossível ficar indiferente a tudo o que este povo sofreu durante a 2ª guerra mundial.
O museu é impressionante, com inúmeros vídeos, fotos, objectos pessoais... Um dos objectos que mais me impressionou foi esta (autêntica) carruagem em que levavam os Judeus para os campos de concentração:
Uma das tardes parti à aventura, fui até à gare dos autocarros e apanhei um para o Mar Morto. Após pedir ajuda ao condutor para me dizer onde sair, deixou-me no meio da estrada, a apontar para uma pequena estrada de terra batida que ia dar ao Mar...
Andar 1Km com 40 graus à sombra, sem estar à sombra, já é de si difícil. Mas com calça comprida e camisa (tive que me cobrir para poder visitar a mesquita nessa manhã), foi bastante difícil... Chegado à Siesta Beach, percebi que era uma praia privada! E pedirem-me 40 shekkels (8 euros) para ir passar uma hora ao mar era um autêntico roubo, mas entre isso e arriscar mais uns quantos kilómetros ao sol para me pedirem isso ou mais noutra praia... Lá paguei, muito contrariado.
Mas gostei mesmo muito do Mar Morto. Armado com cuequinha preta e uma toalha do hotel, fui logo de mergulho... ou não. A concentração de sal é incrível, chega a água à caixa toráxica e começa-se a flutuar! Mergulhar, só mesmo a cabeça durante um segundo ou dois. Muito arde o sal em qualquer tecido exposto, como os olhos, ou a bela bolha que tinha no pé de tanto andar no dia anterior! Mas fiquei dentro da água durante 2h, a flutuar (acho que é muito fácil adormecer a flutuar - quase que me aconteceu - e acordar na Jordânia!).
À volta lá levei mais uma sova de uns quantos kilómetros sob o sol, o que me salvou foi a camada de protector solar para crianças com que me cobri, e a boleia que acabei por apanhar de volta para Jerusalém!
Um dia também consegui ir até Tel Aviv com um colega, principalmente para ir ver Jaffa. É uma cidade completamente diferente de Jerusalém, quase não se vê ninguém com os tradicionais trajes religiosos. Tem uma excelente costa com o Mediterrâneo, com praias a 20m dos centros económicos - claro que aproveitei para ir dar mais um mergulho (desta vez com os olhos abertos).

Jaffa é bonita mas muito pequena, já pouco resta da "noiva do Mediterrâneo", transformada em subúrbio de Tel Aviv. Os pescadores a prepararem uma tartagura para o churrasco acabou por ser uma das coisas que mais me marcou!


No último dia ainda tive tempo de ir ver os Pergaminhos do Mar Morto, no Museu de Israel. O museu em si, supostamente muito bom, estava fechado para obras... Mas foi interessante ver os pergaminhos, dentro da sua cúpula branca feita só para eles, assim como a excelente maquete de Jerusalém no tempo do 2º templo (o de Herodes).

E pronto, foram poucos dias, mas ainda deu para ver alguma coisa. Ao voltar, percebi porque é que insistiram para estarmos no aeroporto 4h antes do vôo. Imbirraram com a minha bagagem (suponho que seja aleatório), pelo que ficaram quase 1h30 a inspeccionar tudo o que tinha! Só o laptop abriram-no 5 vezes, e tive que ir a uma sala privada para o detector de metais.
Por fim, como não conseguiram encontrar mesmo nada, embirraram com a bateria do laptop (Apple), o carregador do telemóvel (Nokia), e um despertador de plástico, e mesmo depois de verem os três a funcionar, acabaram por os pôr numa caixa à parte, que só voltei a ver em Paris!...


Mas gostei bastante desta viagem, outra vez fora dos meus destinos habituais, e que me abriu o apetite para ir descobrir mais a sério a cultura Árabe e do Médio-Oriente.

Thursday, 4 September 2008

Минск

Depois de 4 meses sem viagens a sério (graças a um belo acidente de mota na Córsega), fui a semana passada a Minsk. Uma autêntica viagem ao passado, a uma cultura que sonhei visitar durante tantos anos, e que correspondeu exactamente às minhas expectativas.

Depois de um vôo directo Paris-Minsk (bem caro) de 3h, vieram-me buscar ao aeroporto e fomos directos para a casa deles, nos arredores de Minsk, onde toda a família estava à minha espera para jantar (à meia-noite!). Uma casa construída pelos bisavós da Алеся, que já vai na quarta geração: o bisavô morreu na 2ª guerra mundial, perto de Kaliningrad.
É uma casa linda, que aproveitei para visitar no primeiro dia. Por dentro pouco deve ter mudado desde que foi construída; ADOREI o rádio / gira-discos, que ainda funciona!:
Muito se bebe naquele país. Perdi conta aos shots de vodka e cognac durante o jantar... Claro que não é sempre assim, mas sempre que haja visitas, é uma razão para se esvaziar mais uma garrafa de vodka. Falando em gastronomia, experimentei muita comida típica, como por exemplo a щи (sopa de beterraba), сметана (natas que metem em tudo, carne, sopa, salada), кефир (bebida à base de nata de leite...), квас (cerveja sem álcool? Bah), etc etc... Gostam tanto dessa cerveja sem álcool, que até fazem bicha para a comprar!:
E muito gosta aquela gente de carne fumada (muuuito boa!). Aliás, desde o pequeno-almoço que se come колбаса com muitos vegetais (quase tudo do quintal). Quintal esse que é lindo de pasmar, com um belo jardim de flores à entrada, e cultivação de tudo o que se possa pensar: batatas, cenouras, tomates, cebolas, morangos, framboesas, maçãs...

A arquitectura é tipicamente soviética - 80% do país foi destruído na 2ª guerra mundial, e reconstruído durante a época da URSS. Os arredores estão cheios dos feios prédios cinzentos, com centenas de apartamentos.Já o centro da cidade é bastante mais bonito, mas não deixa de ser muito soviético. A "porta da cidade", à frente da estação dos comboios, por exemplo, continua com o seu escudo soviético, e outros emblemas espalhados pela cidade, como os murais em autêntico estilo da época.
Muitos outros emblemas soviéticos existem, como a estátua de Lenin, que continua à frente do palácio presidencial. Aliás muito gostam de "palácios"; o palácio da República é bonito e moderno, com um enorme anfiteatro por dentro.

O governo é bastante pró-Russo, e a transição de Comunismo para Democracia não foi tão radical como noutras ex-repúblicas soviéticas. Mas não deixam de haver contrastes entre velho e novo. O maior centro comercial da cidade, por exemplo, ainda pertence ao estado; é velho e feio, em autêntico contraste com a biblioteca do estado, que é nova e bonita:

Os meios de transporte são eficazes e baratos (uma viagem de autocarro, trólei, eléctrico ou metro custa 0,2€). E também bastante cheios a maior parte das vezes. Mas sabem desenrascar-se por lá: o que fazer quando os autocarros estão demasiado cheios? Inventam-se os táxis partilhados! Vêm-se pela cidade toda.

Falando em meios de transporte, adorei o metro. Tem duas linhas que se cruzam para cobrir a cidade. Vai mesmo de uma ponta à outra, mas com poucas estações. Resultado: longas viagens entre estações, a grande velocidade! Também gostei muito dos nomes das estações: Fábrica de carros e bicicletas, Fábrica de tractores... Ainda hoje as fábricas nacionais são motivo de grande orgulho.

Voltando à arquitectura, gostei muito do edifício dos correios, com o seu relógio universal:

Mas o lugar que mais me impressionou foi esta praça, com um monumento comemorativo da victória na 2ª guerra mundial:
Nota-se o espírito ainda pouco capitalista do país. A maior parte das lojas, por exemplo, chamam-se simplesmente продукты (прадукты em Bielorusso, produtos em Português!). Tudo é muito barato em comparação com a Europa Ocidental, desde que sejam produtos locais ou da visinha Rússia, claro; produtos importados são considerados de luxo, e custam mais do que nos países de origem (uma pequena garrafa de Bayleys por exemplo custa 35€!).

Mas nota-se alguma infiltração capitalista. O McDonalds, por exemplo, é bastante concorrido; a tradução fonética dos menus muito me fez rir! É o ponto de encontro favorito dos jovens estudantes de Minsk. Prometo que só lá fui uma vez, e mais pelo choque cultural do que outra coisa...

Enfim, foi uma excelente viagem, muito ao meu gosto. Espero poder continuar a explorar a Europa de Leste brevemente.

Tuesday, 29 July 2008

Catacumbas de Paris

Visitadas em Julho de 2008 com o Steve. Não aconselhável a pessoas sensíveis...
As catacumbas são basicamente antigas pedreiras, com séculos de existência, a uma profundidade aproximada de 20m. Existem dezenas de kilómetros de corredores, mas a maior parte está fechada ao público. Na praça Denfert Rochereau (mesmo ao pé de onde moro), existe uma parte das catacumbas, transformadas em ossuário, que é possível visitar. Normalemente está sempre muita gente à espera (por motivos de segurança, não podem estar mais de 50 pessoas de cada vez), pelo que um Domingo madrugador vale a pena neste caso.






Tuesday, 22 April 2008

Torino and then Corsica

Been planing this one for a while. Today I'm leaving to Torino (for work), and then off to Corsica for 8 days! Can't wait to get there. I sent Sputnik by train last night; this morning I'm taking the TGV to Nice, and then riding to Torino. After work is done there (Friday), I'll grab the ferry at Savona. You can follow the whole thing live, it's on Sputnik's moblog (on the right side of this page).

Monday, 14 April 2008

À la recherche de Jeanne d'Arc - la fin

Voilà, le troisième (et dernier) épisode de la saga Jeanne d'Arc achevé. Je suis donc allé voir l'endroit où on a fait son processus d'implication fictive, pour ensuite la bruler vivante - une femme pareille posait trop de problèmes à cette époque!

Avec Faustine (qui a dû m'attendre quelques minutes, c'est dur de ce lever tôt le Dimanche matin!), on est partis sous un ciel gris menaçant. Faustine avait fait un super roadbook, qu'on a suivi avec JeanJean (demi-tours occasionnels y compris, bien évidemment!).

Jusqu'à Saint-Germain-en-Laye (Saint-Germain-en-l'ail! hehe) c'était la banlieue, assez grise mais avec quelques endroits vraiment superbes. Ensuite la route est devenue très sympa, surtout que les départementales qu'on prenait étaient top class (cool le roadbook, Karine!). On roule classe, tranquille, c'est ce qu'ils font de mieux, nos bigWheels. Pause photo à La Roche-Guyon:


On continue, il y a carrément des belles éclaircies, n'importe quoi la prévision météo! On fait un bel détour pour aller jouer sur le manège de Yan... 500 mètres bien sympas (oui, j'ai bien dit MÈTRES... après tout le détour qu'on a fait!). Des belles routes, des villages sympas, on fait une pause café à Les Andelys:


Quelques kilomètres encore, et on arrive à Rouen. Là JeanJean montre bien qu'il ne connait que la dimension horizontale, quand il nous demande de monter cette rue vers GruGru...
(oui, c'est bien un panneau 29%, avec un stop tout en haut)



Enfin arrivés, belle réception de nôtre hôte GruGru. On se repose quelques minutes, puis il sort... la bête! Ayant son Akra sans db killer, il est obligé de le couper à la main pour qu'on essaye d'entendre le clac-clac (d'ailleurs, j'ai rien entendu du tout).


On fait un chouette tour de la ville, avant d'aller manger. Ça déplace tellement d'air son Akra... feu rouge, je prends une photo, on repart, je crois que j'ai laissé tomber mon appareil car je sens un truc dans ma jambe... c'est son pot 15m plus loin!!


Pause midi, on mange bien, puis on repart explorer la ville. GruGru prend le devant, avec un look et son pareils, beaucoup de monde se retourne pour voir les BigWheels passer.


Place du Vieux Marché, je retrouve Jeanne, elle est plutôt mignonne!, mais ne sourit pas pour la photo:


Peut-être bien car son bucher est juste à côté...:


Puis les deux éléments que j'ai trouvé à chaque voyage sous le thème de Jeanne d'Arc: un manège et sa rue (il est un peu minuscule, le manège de Rouen!).



C'est une jolie ville, Rouen. Le Gros Horloge, le Palais de Justice, la Cathédrale...:




On visite la Cathédrale, assez impressionnante. La statue de Jeanne au bucher est particulièrement émouvante.


Je vous épargne toutes les autres statues de la Cathédrale (dont monsieur 23, l'homme sans tête). On a fini par sortir un peu de la ville, pour avoir un joli point de vue sur la ville:


Et c'est en rentrant que Faustine remarque la perruche au milieu de la route, sans bouger! Sa petite patte droite était cassée.
Elle bouge à peine, on l'amène chez GruGru. Mais une fois à l'intérieur, elle décide de prendre vol, et le chat a faillit avoir un bel repas! Heureusement on les a séparés à temps.


Voilà, on a laissé "Jeanne" aux soins de GruGru, et on a repris la route de retour à Paris. La route est mouillée, on a raté la flotte de peu! Quelques départementales encore, puis la nationale, là il pleut un peu pendant 5min, histoire de laver nos motos, puis plus rien. Arrivé à Paris sec, et content d'avoir faire ce voyage bien sympa - et surtout d'avoir roulé avec Faustine et avoir connu GruGru. Merci à vous deux!